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DIVISÃO DE ALMA E ESPÍRITO

O texto de Hebreus 4.12 declara que  “…a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.
Este texto fala de separação de alma e espírito pela Palavra de Deus.
Sabemos que o corpo, a alma e o espírito do homem formam uma grande unidade, e estão intimamente ligados, de modo que se pode dizer que são uma só coisa, assim como Deus é um, e no entanto são três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Por isso, quando o espírito deixa este mundo, o corpo morre; se o corpo morre, sai o espírito e volta para Deus. Quando o corpo e alma descansam no sono, também descansa o espírito.
Todavia, há diferenças marcantes entre os três.
Mas nos concentraremos neste artigo somente na alma e no espírito, porque a Bíblia fala de separação de alma e espírito, e o que se quer afirmar é a distinção das funções que  competem respectivamente ao espírito e à alma, de forma que  a pessoa possa discerni-las pelo Espírito Santo, e ser governado pelo seu espírito e não pela sua alma.
Para que você possa melhor entender tudo o que vai ser comentado, gostaríamos, antes, de explicar quais são as faculdades da alma, que não fazem parte do espírito humano.
Entre estas faculdades estão nossos sentimentos, nossa mente, nossa vontade, nossas emoções e pensamentos, até mesmo a nossa própria razão.
Alma tem a ver com o cérebro, de onde procedem todas estas faculdades referidas. Cérebro tem a ver com o que é natural, e não sobrenatural, como é o caso do espírito, que nos veio de Deus, e que volta para Ele, na nossa morte.
De maneira que ao falar em separação de alma e espírito, pela Palavra de Deus, a Bíblia quer nos mostrar que precisamos ser governados pelo espírito, e não por nossos sentimentos, vontade, emoções, pensamentos e até mesmo pela nossa própria razão.
Aquele que estiver envolvido numa obra de Deus terá que viver pela fé, e não por vista. Quem dará as regras portanto do que deve ser feito será o Espírito Santo, e não as nossas conclusões racionais, imaginações, emoções e sentimentos.
Quando estamos santificados pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de Deus em nossas vidas, a nossa alma entra automaticamente debaixo do governo do nosso espírito e passa a ser uma serva do espírito, ficando portanto, livre das suas paixões irregulares e desordenadas que nos levam a pecar.
Portanto, aqueles que andam verdadeiramente no Espírito não podem  satisfazer os desejos da carne, porque a alma estará submissa ao governo do Espírito e não do pecado.
Como Satanás pode falsificar as operações do Espírito Santo e criar na alma tais imitações  da pura vida  do  Espírito de Deus, que podem enganar os cristãos mais sinceros e  responsáveis, então é preciso saber distinguir entre aquilo que é da alma daquilo que é do espírito, para que não sejamos ludibriados pelo Inimigo.
O diabo faz estas imitações porque teme muito uma santificação verdadeira, porque é por meio desta que ele sofre muitos prejuízos no seu reino infernal por parte daqueles cujas vidas estão verdadeiramente santificadas pela Palavra de Deus.
Por isso é necessário se submeter ao ensino das Escrituras porque somente a Palavra aplicada pelo Espírito pode produzir esta separação entre o que é da alma e o que é  do espírito  para  que  o cristão não seja governado pela alma, mas pelo espírito, de maneira que seu comportamento e adoração sejam verdadeiramente espirituais.
Somente o Espírito Santo pode ensinar o cristão a fazer  distinção entre alma e espírito, ainda que este  não  saiba  o  significado destas palavras no original grego, porque ainda que não saiba experimentalmente todo o significado de tais palavras, ele pode reter o poder espiritual ainda que não conheça  a verdade  mental.
Mas o oposto também é verdadeiro, porque é possível conhecer a verdade mental sobre os significados dos termos e não ter ainda o poder espiritual por experiência, por um viver consagrado ao  Espírito.
E sabemos que a  Palavra  sem  o Espírito é como letra morta que mata e não vivifica.
A carne para nada aproveita, e tudo que é gerado pela carne é carne. Mas o espírito para tudo é proveitoso, porque é o espírito que vivifica, e o que somente é espírito o que for nascido do Espírito.
Por isso, o propósito de Deus na criação do homem é que este fosse espiritual e não carnal. Assim, este propósito só pode ser cumprido naqueles que se convertem a Cristo.
Porque é por meio da fé em Jesus que recebemos a habitação e o selo do Espírito Santo, para que possamos viver e andar no Espírito, deixando portanto, de sermos pessoas carnais, para sermos transformados em pessoas espirituais.
Portanto, não é possível ser espiritual, conforme é do propósito de Deus na criação do homem, sem que se tenha esta habitação do Espírito Santo.
Entretanto, como o pecado continua operando na carne, mesmo naqueles que foram salvos por Cristo, há necessidade do trabalho da cruz para que sejamos as pessoas espirituais que Deus planejou desde antes da fundação do mundo.
Por que a cruz tem que ser pregada antes que o avivamento possa vir?
Por que Evan Roberts, antes que Deus derramasse o avivamento de Gales no ínício do século XX, orava constantemente no Espírito para que fosse quebrado?
A resposta para estas perguntas é que sem a quebra pela cruz, do nosso homem exterior, a saber, do nosso velho homem, não pode haver a liberação do poder do Espírito Santo no homem interior, a saber, no nosso espírito.
E esta quebra do velho homem consiste principalmente na separação efetuada entre alma e espírito que é operada pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de Deus nas nossas vidas.
É por isso que o poder do Espírito depende de que o cristão seja quebrado no seu ego pela cruz, para que possa de fato consagrar-se inteiramente a Deus.
Foi por isso que o Senhor ordenou a Jessie Penn Lewis e a muitos outros no país de Gales, antes de trazer o avivamento que  experimentaram, que pregassem a cruz, para que os cristãos se submetessem ao Seu Senhorio, vivendo crucificados com Cristo, para que o Espírito Santo pudesse operar neles com poder.
É a cruz que trata com o ego do cristão, é ela que mortifica a carne liberando a vida do espírito, a saber, do nosso  homem interior.
O trabalho da cruz crucifica nossas paixões e cobiças, para que possamos não somente viver, mas também andar no Espírito Santo, conforme se vê em Gálatas 5.24,25.
Nós lemos em Gênesis 6.3 o seguinte:
“Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carnal, mas os seus dias serão cento e vinte anos.”
O que podemos deduzir desta passagem das Escrituras senão que Deus não havia criado o homem para que ele vivesse pelo governo da sua alma?
O mundo antigo foi destruído pelas águas do dilúvio porque o homem havia se tornado carnal.
Mas o propósito de Deus na criação do homem é que este fosse espiritual e não carnal, conforme veremos neste nosso estudo.
E quando Deus diz que o homem se tornou carnal por causa do pecado é a isto que Ele quer principalmente  se  referir,  porque não é governado pelo reino espiritual divino, mas pelo reino natural segundo a carne.
Antes do pecado o homem era perfeitamente dirigido pelo Espírito Santo, em governo sobre o seu espírito, mas o pecado fez com que o homem buscasse governar a si mesmo, e é esta a condição natural de toda pessoa.
Por isso se impõe o trabalho da cruz sobre o ego, para que o Espírito Santo possa assumir o pleno governo, conforme Deus havia planejado desde antes da criação do mundo.
É por este motivo que não é apenas importante aprender o que significa estar crucificado com Cristo, mas saber que isto é absolutamente necessário, para que o propósito de Deus possa se cumprir nos cristãos.
Desde a Queda no Éden a alma humana deixou de estar  em  sujeição ao espírito e passou a assumir o governo do ser humano, tornando-se assim uma barreira para o conhecimento experimental da vida de Deus, que é espírito.
Se a vida eterna, a vida que Deus planejou desde antes da fundação do mundo, para o homem, depende da habitação do Espírito Santo no homem, e da plena comunicação do homem com o Espírito de Deus, então, a  conclusão lógica é que não haverá nenhuma vida onde Cristo não estiver habitando pelo Espírito.
Daí se  dizer que o espírito do homem, sem Cristo, está morto.
Então, antes de tudo, para a separação de alma e espírito, é necessário portanto, que haja uma genuína conversão a Cristo.
Se Cristo não estabelecer o Seu governo no nosso coração, o que haverá será o  governo usurpador da alma contra a vontade de Deus.
E este governo da alma é designado na Bíblia como um viver segundo a carne. Segundo o homem natural e não segundo o homem espiritual.
Vale lembrar que a palavra constante de I Cor 2.14 para “natural”, quando Paulo diz que o homem natural não aceita as coisas do Espírito, tal palavra é no original grego psiquikós, que significa  aquilo que é relativo à alma.
Quando o homem é governado pelas faculdades da alma, e não pelas faculdades do espírito, ele agirá segundo a natureza terrena, porque a vida sobrenatural de Deus só pode ser vivida quando se é governado pelo espírito, e não pela alma.
Daí se afirmar que o homem natural, ou seja, aquele que é governado por um viver segundo a alma, e não segundo o espírito, não pode entender as coisas do Espírito Santo de Deus.
Os cristãos carnais a que Paulo se  refere  em  I Cor 3.1 em contraposição aos espirituais, são designados no original grego pela palavra sarkikós, para carnais, e os espirituais, pela palavra pneumatikós, que se refere ao espírito.
O cristão carnal faz muitos planos, faz muitas obras, a sua mente está sempre ocupada, e a sua emoção é irregular, e todo o seu ser está cheio de  inquietude e confusão.
Quando a sua emoção é incitada, as outras  partes  do  seu ser são certamente entusiasmadas. Mas quando a sua emoção é esfriada,  ele fica muito confuso na sua mente e vontade.
O cristão carnal está vivendo  todos os dias cheio de atividades que ele próprio inventou. Pouco ou  nada  do que ele faz é por obediência à vontade revelada de Deus a ele.
Ele ou é ativo no seu corpo, ou na sua mente e emoção. Este tipo de vida nada mais é  do que uma vida cheia de vivacidade da alma.
Em resumo, o trabalho da alma no cristão carnal é fazê-lo viver pela sua própria vida natural e trabalhar e servir a Deus  pela  sua própria habilidade natural; e buscar conhecer o Senhor e sentir a presença  de Deus  através dos seus sentimentos; e usar somente a habilidade da sua mente para  entender  a Palavra de Deus.
Com isto, ele não chega a ter um conhecimento verdadeiro e progressivo de Deus, porque este conhecimento decorre de uma comunhão e de experiências reais com o Espírito Santo de Deus, em espírito.
A carne não pode ter tal comunhão e experiência com o Espírito Santo de Deus.
Então o homem natural, permanecerá em completas trevas de ignorância quanto ao conhecimento de Cristo, que se pode conhecer somente em espírito, e o cristão carnal fica impedido de progredir neste conhecimento, porque não anda no Espírito.
Os homens podem ser governados pela alma, até mesmo  quando  eles têm o Espírito Santo, e estes que são governados pela alma sempre estão divididos e causam divisões na Igreja, enquanto provando com isso em algum grau que eles são carnais e não espirituais, isto é,  quem os governa são os desejos de suas almas e não o espírito.
Por isso Paulo disse que a causa das divisões em Corinto  era  que  os cristãos eram carnais, porque eram governados pela alma e não pelo Espírito.
Antes de prosseguirmos com a exposição destas verdades bíblicas, é preciso deixar bem claro que estamos falando sobre manter a alma submissa ao nosso espírito, e não que a alma deve ser aniquilada. Porque, enquanto estivermos neste mundo, teremos sempre necessidade do uso de nossa mente, e de expressar nossos sentimentos e emoções, e também de fazer um uso apropriado da nossa razão, que são faculdades da alma, uma vez que enquanto permanecermos neste corpo de carne e sangue, necessitaremos usar a nossa mente para ajudar o espírito. Não a mente natural e corrompida que herdamos de Adão, mas a mente renovada pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus.
Deus tem associado nossas faculdades cerebrais ao nosso espírito, enquanto permanecermos neste mundo, justamente para o propósito de aprendermos a fazer do nosso cérebro um servo do espírito, e não o oposto disso.
Nossos pensamentos, emoções, sentimentos e vontade, e razão, que são faculdades que emanam do nosso cérebro, devem ser submetidos ao governo do Espírito Santo de Deus, e por conseguinte do nosso próprio espírito. E a Bíblia afirma que isto é operado pela Palavra de Deus, em Hb 4.12.
Chegará o dia em que não haverá mais esta dependência do cérebro, ou da alma, quando sairmos deste mundo pela morte, porque somente o espírito subirá à presença do Senhor, libertado completamente dos desejos e das paixões da alma. Então o espírito terá vida e expressão independentemente do nosso cérebro. Mas, enquanto neste corpo, o espírito se encontra aprisionado é pode ser liberado do governo usurpador da alma, somente pela libertação do conhecimento da verdade, pela habitação e da expressão e manifestação da  vida de Cristo em nós.
E não há nenhum outro modo para subjugar o governo usurpador da alma, senão somente pela crucificação do ego pela nossa cruz, que deve ser carregada voluntária e diariamente.
Deste modo, sem cruz não há avivamento; isto foi aprendido por todos os homens de Deus em toda a história da Igreja quando houve avivamentos do Espírito.
Nos quatro Evangelhos, nós vemos que Jesus  chamou os seus discípulos para renunciarem ao modo de viver pelo governo das suas almas, submetendo-o à  morte na cruz, para que pudessem segui-lO.
O Senhor sabia que renunciar ao modo de viver pela  alma  é  uma exigência absolutamente indispensável, para que os cristãos  possam  segui-lO.
Em Mt 10:38 e 39 o Senhor Jesus disse: “38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida  perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”.
Neste texto,  a  palavra para vida no original grego é psiquê, que significa alma.
Não se trata  propriamente de se matar a alma, mas o modo de viver pela alma, para que se possa viver pelo espírito. É isto que Jesus quis dizer com suas palavras.
Este modo de viver pela alma somente pode ser morto pela  cruz. É por isso que em outras passagens do Evangelho, como  em  Lc  14.26,27  por exemplo, Jesus associou a perda da vida da alma ao ato voluntário de se carregar a cruz e de se auto negar, para poder segui-lO.
Estes versos nos chamam a perder o viver pela alma por causa do Senhor,  entregando este viver à cruz, para que seja crucificado, e Ele ensinou que isto deve ser feito diariamente. Antes destes versos, o Senhor Jesus falou que os inimigos de um homem são aqueles da sua própria casa, e como um  filho,  por causa do Senhor, fica alienado do seu pai, a filha da sua mãe, e a  nora  da sua sogra.
Porque Deus está em discordância com a intenção  da  nossa  casa, quando nossos familiares não Lhe conhecem ou não andam em conformidade com a Sua vontade, nós devemos, por causa do Senhor ficarmos alienados  de nossos familiares segundo a carne.
De acordo com nosso viver pela alma, nós fazemos  a  vontade daqueles a quem nós amamos, ainda que isto contrarie a vontade de Deus,  por isso se impõe a morte deste viver pela alma (sobretudo de  sentimentalismo e emocionalismo, que prevalecem sobre Deus, Sua vontade e Palavra).
Nada há de errado em demonstrar sentimentos e emoções, mas quando nossos sentimentos, emoções e vontade são irregulares e são a causa de não nos submetermos à Palavra e vontade de Deus, é porque estamos sendo pessoas carnais e não espirituais.
Quando Deus  está  em conflito com o desejo do homem, embora aquela pessoa seja  a  que  nós  mais amamos, e até mesmo por imposição da própria Palavra de Deus que nos  ordena amar os nossos cônjuges, pais e filhos, por exemplo, importa antes amar mais a Deus do que a eles, e fazer a vontade de Deus do que a deles,  porque  Ele deve ser amado acima de todos e de tudo.
Por isso, necessitamos  da  cruz para matar a irregularidade dos nossos  afetos, não propriamente para acabar com eles, mas para que eles possam existir na ordenação certa e também  para que não sejamos governados por eles, mas pela vontade do Senhor.
Este tipo de chamada do Senhor Jesus é para nos libertar do poder de  nossos afetos naturais, de modo que não sejamos guiados por eles em nossas  decisões, mas pela Palavra de Deus.
Por isso, Ele disse em Mt 10.37: “Quem ama o pai  ou  a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.”.
Em Lucas 14:26 e 27 está escrito: “26 Se alguém vier a mim, e não  aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também  à  própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não leva a sua cruz e não  me  segue, não pode ser meu discípulo.”.
Mateus mostra para o cristão a escolha que ele deve fazer relativa ao  seu próprio afeto: ele deve amar o Senhor mais do que à  sua  família.
Lucas mostra que além disso qual atitude o cristão deveria ter em  relação  ao  seu próprio viver pela alma, pois Jesus diz que o cristão deve aborrecer a sua própria vida (Lc 14.26) de maneira a amar viver pelo espírito, em  obediência  a Deus e à Sua vontade.
Este viver pela alma traz sérios problemas e até mesmo impede uma vida de comunhão com o Senhor e com a Sua Igreja.
Isto tudo significa que o cristão não deve apenas amar aqueles  que  lhe  são familiares e agradáveis e aos quais ele ama naturalmente, mas estender o seu amor a todas as pessoas.
É proibido pelo Senhor que eu ame somente aqueles a quem eu amo naturalmente.
Eu devo amar especialmente a todos aqueles que fazem parte da família de Deus, que a propósito, é uma família numerosíssima.
O próprio Jesus nos deixou este exemplo quando definiu a  sua  família  como sendo a que é composta por aqueles que conhecem a Deus e fazem a Sua vontade.
Afinal, é esta grande família que existirá por toda eternidade, e não  a família composta por laços sangüíneos.
O Senhor Jesus quer nos libertar deste tipo de domínio  do afeto natural, de modo que possamos ser cheios do seu amor  sobrenatural, que é um amor por todos os homens, e que não faz qualquer tipo de acepção de pessoas.
É somente por causa do Senhor, e por estarmos cheios do  Seu  Espírito,  que nós amamos de fato a outros que estejam fora do nosso círculo  de  amizades.
Não é por causa de nosso próprio amor por outros que nós amamos. Nós amamos, porque recebemos o amor sobrenatural de Deus que nos possibilita  amar  o nosso próximo.
Somente entre aqueles que andam  no  Espírito que se  cumpre  o mandamento de Cristo de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou, porque somente estes são espirituais, e o amor com que Cristo nos  amou  é espiritual; o amor ágape que nos vem do alto, e não o amor filéo, que é terreno e inerente à nossa própria natureza.
Este amor ágape, que é o amor derramado pelo Espírito Santo nos nossos corações, é o amor de comunhão entre espíritos, que é possível de ser visto e vivido somente entre aqueles que vivem e andam no Espírito.
Aqueles que amam com este amor espiritual são  verdadeiramente livres  para amarem e deixam também em liberdade aqueles aos quais amam,  porque  amando  a Deus acima de tudo, não terão nada e a ninguém na conta do seu “deus”.
Deus não quer e nem mesmo  pode  ser conhecido pela carne.
O amor natural é da carne e não do espírito. E sabemos que importa conhecer a Deus somente em espírito porque ELe é espírito. Daí Jesus ter ensinado que Deus pode ser adorado somente em espírito e em verdade porque Ele é espírito.
Na verdade, não é somente Cristo que não deve ser conhecido segundo  o  conhecimento da carne, mas até mesmo todas as demais pessoas.  O  cristão deve discernir quem são os homens, não segundo a carne, mas segundo o  espírito  como se lê em II Cor 5.16.
Por isso se faz necessária a separação de alma e espírito,  que  é  efetuada pela Palavra de Deus, conforme lemos em Hb 4.12.
Mas se não houver renúncia  ao  ego, a Palavra não poderá efetuar tal separação.
É preciso colocar a vida no  altar, para que o nosso Sumo Sacerdote possa usar a faca da Palavra para nos  apresentar como sacrifícios vivos para Deus.
A espada referida no texto de Hb 4.12 é uma alusão à que era usada pelo sumo sacerdote para dividir o holocausto em partes.  Esta espada representa a Palavra que é usada  por  Cristo  através  do trabalho do Espírito Santo para separar espírito e alma nos cristãos, de maneira que possam ser verdadeiramente espirituais.
Ninguém e nenhum poder conseguirão fazer este trabalho de  separação entre alma e espírito, senão a Palavra de Deus usada pelo Espírito Santo (Ef 6.17).
Ao citar também a separação entre juntas e medulas o autor de Hebreus marca que este trabalho de separação também  ajuda  a discernir as operações dos sentidos do corpo, para distingui-las como sendo ou não propriamente o resultado das operações produzidas pelo espírito debaixo da influência do Espírito Santo,  bem  como ajuda a discernir a natureza de pensamentos e intenções do coração, se da alma ou do espírito.
Cabe lembrar que há muita “adoração” de caráter meramente sensual, a saber, dos sentidos do corpo, classificada indevidamente debaixo do nome de adoração verdadeira,  que sabemos que deve sempre ser em espírito e em verdade.
Assim, se o cristão for humilde, o Espírito Santo irá, na experiência dele, separar a sua alma do seu espírito, ainda que ele possa nem mesmo ter conhecimento do modo  como Deus processa esta operação verdadeira e real.
Esta separação de alma e espírito é necessária porque todas as comunicações entre Deus e o homem se baseiam no espírito.
É preciso que o cristão esteja consciente e bem instruído  pela Palavra  que esta separação, para ser efetuada exigirá dele que esteja disposto a  ter  a sua própria vontade contrariada muitas vezes pela vontade de Deus, de maneira que se submeta voluntariamente ao trabalho de crucificação da  sua  carne com as suas paixões e desejos, para que em vez de ser  governado  por  estas paixões e desejos do ego, seja governado de fato pelos mandamentos de  Deus, mesmo que esta renúncia ao ego lhe traga no início tristezas  e  perplexidades, porque é grande e forte o apego do ego à carne, de maneira que  não há outra forma de sermos livrados disto a não ser pela crucificação.
Veja o que o apóstolo nos ensina sobre a luta que existe permanentemente entre a carne e o Espírito, e vice- versa:
“Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gál 5.17). Observe que ele afirma que a carne e o Espírito se opõem mutuamente para que  não façamos o que seja do nosso querer.
O que ele quis dizer com isto?
É que  na verdade tanto a carne quanto o Espírito lutam contra a lei natural da  nossa mente, e contra as disposições da nossa alma. e, tanto um quanto o  outro pretendem ter o domínio da nossa vontade e de todo o nosso ser.
A  carne pretende nos levar a pecar ainda que não o queiramos;  e  o  Espírito Santo pretende nos santificar e levar-nos a viver não pelo que é propriamente  da nossa vontade, mas por aquilo que é da vontade de Deus.
Então o Espírito não luta contra a carne para que seja feito o que seja do nosso querer, mas para que a vontade de Deus possa se cumprir em nós.
O Espírito procurará nos  levar portanto à cruz para que a carne possa ser crucificada com as suas  paixões e desejos (Gál 5.24).
Como estas paixões e desejos da carne operam principalmente na mente, então é fundamental que a mente seja renovada.
Uma mente renovada pelo Espírito coopera e muito para que tenhamos comunhão  com  Deus, porque ajudará o espírito nesta comunhão, porque a mente renovada pe guiada não pela carne, mas pelo Espírito Santo.
E o Espírito poderá então comunicar à nossa mente renovada o conhecimento da vontade de Deus revelada na Sua Palavra.
Se a mente não for renovada pela unção do Espírito e por estar habitada ricamente pela  Palavra de Deus, então, até mesmo a simples leitura ou audição da Palavra de Deus que  não for acompanhada pela fé e da ação do Espírito Santo em nós, não é em si mesma uma experiência espiritual, porque esta consiste na operação real e experimental do Espírito Santo.
Para entendermos melhor a distinção entre alma e espírito, podemos nos valer de  uma  análise  do que há no comportamento dos animais irracionais,  porque  sabidamente eles não são dotados de corpo, alma e espírito como os  homens, senão somente de corpo  e alma.
Nós podemos, em certo  grau entender o que é relativo à alma pelo que observamos no comportamento dos animais, porque tudo o que eles sentem  se refere  aos poderes da alma, porque como já dissemos, eles não possuem espírito.
A primeira coisa que eu mencionarei como pertencendo à alma  animal, é o afeto mútuo que existe entre os pais e os  seus filhotes.
Eu digo que este afeto pertence à  alma animal,  e não propriamente ao espírito, porque animais irracionais  possuem  isto  evidentemente.
Especialmente quando os seus filhotes  estão num estado dependente  e  precisam do seu cuidado, exibem um afeto por eles, muito forte como o que é visto em pais humanos.
Eles não somente se  arriscam,  como freqüentemente perdem as suas próprias vidas defendendo a cria.
Podemos acrescentar também, a tristeza que os animais sentem quando são privados dos seus filhotes;  assim,  podemos  concluir que o amor paternal e filial como  existe  naturalmente no gênero humano, é um afeto, não da parte imortal ou espírito,  mas da alma, como algo instintivo, tal como o instinto de  sobrevivência que há tanto nos homens quanto nos animais irracionais.
Estes instintos são indubitavelmente, em alguma medida, modificados  e freqüentemente regulados por nossa alma racional; conseqüentemente nós podemos concluir também que enquanto estes afetos permanecem não santificados pelo Espírito de Deus, ou como eles  existem nos homens incrédulos, não há nenhuma bondade moral ou verdadeira santidade neles, de modo que Deus não está  debaixo  de  qualquer obrigação de aceitá-los ou recompensá-los.
Ninguém supõe que haja alguma bondade moral no afeto que os  animais sentem pelas suas crias.
O afeto que os pais e filhos humanos sentem mutuamente parece ser da mesma natureza.
Nós  não  amamos  nossos filhos naturalmente, porque Deus requer isto; nós não os  amamos com o objetivo de agradá-los; nós não os amamos porque é  um  dever; nosso afeto por eles parece ser um mero instinto animal  natural que em si mesmo; nem é santo, nem  pecador.
Mas estes  afetos, agora no homem caído no pecado, com toda a sua natureza corrompida, podem se tornar pecaminosos e conduzirem  a outros  pecados.
Por exemplo, fica pecaminoso  quando  nosso  afeto  por  qualquer criatura é maior do que o amor com que amamos a Deus, porque Ele requer o primeiro lugar sobre os nossos afetos, e nos proíbe que prefiramos qualquer objeto ou pessoa a Ele.
Nós vemos os castigos terríveis pronunciados por Deus contra Eli porque preferiu seus filhos a Ele.
Todos os pais amam naturalmente muito mais seus filhos do  que  a Deus; conseqüentemente eles suportam mais dores  para  satisfazê-los do que eles fazem por amor a Deus, e estão pouco dispostos a se separarem deles quando Deus os  chama,  e  freqüentemente murmuram contra Ele, quando os retira deles pela morte.
Nós vemos Deus requerendo um amor a Ele maior do que o afeto  natural por nossos filhos, na prova que submeteu a Abraão em  relação a Isaque.
Abraão foi aprovado porque demonstrou amar  mais  a Deus do que o seu próprio filho, dispondo-se a sacrificá-lo  caso Deus o exigisse.
Certamente o Senhor não lhe demandaria uma  tal coisa, porque tem proibido expressamente na Sua Lei a prática  de sacrifícios humanos, mas provou nisto, a Abraão, da forma  mais elevada.
Quando os pais se ocupam em adquirir  riquezas  e  posições  para seus filhos, geralmente eles negligenciam muitos dos deveres mais importantes que Deus lhes exige que executem.
Quando isto  ocorre os efeitos do amor paternal se tornam evidentemente irregulares e pecaminosos.
Quando instruímos nossos filhos de tal maneira que eles dão  mais preferência a seus corpos do que aos seus espíritos, nós  estamos também dirigindo nossos afetos numa direção irregular e pecaminosa, e esta necessita ser santificada, e nisto se inclui a  oração de Paulo pela santificação da nossa alma, além do corpo e do  espírito, em I Tes 5.23.
Estes afetos da alma podem também ser pecaminosos quando os  pais investem apenas na vida presente dos seus filhos e não se preocupam em prepará-los para serem achados dignos por Deus na  eternidade; quando em vez de corrigirem as  suas  tendências  pecadoras eles as favorecem.
Estes pais não demonstram  nenhum  interesse pelo destino eterno do espírito de seus  filhos, assim  como  os animais irracionais, que não podem se ocupar disso.
Eles não oram por eles, nem lhes dão instrução bíblica, nem fixam neles um testemunho genuinamente cristão, contra o mandamento de Deus que nos ordena ensinar a criança no caminho em que deve andar.
O afeto paternal é pecaminoso quando não é incitado  por  motivos corretos.
Os pais devem considerar antes de tudo o  compromisso que eles têm para com Deus.
Por isso  deveríamos  olhar nossos filhos desde o seu nascimento como criaturas racionais e responsáveis.
Nós deveríamos amá-los por amor a Deus, porque são criaturas dEle, porque Ele os deu a nós para  serem  educados para Ele, e serem exercitados para alcançarem o  céu.
Em outras palavras, nós deveríamos amá-los com um amor santo,  porque  Deus requer isto.
É desnecessário dizer que nenhum pai ama seus filhos naturalmente desta maneira.
Claro que não há nada moralmente bom, e há muito que está moralmente errado no  seu afeto paternal  natural, porque este afeto natural procurará poupá-los da disciplina exigida por Deus em Sua Palavra, e de todas as Suas demais santas  e justas exigências que contrariarão o seu ego.
Por isso o apostolo Pedro fala em I Pe 1.18 de um resgate em Cristo de uma vã maneira de  viver recebida deste afeto natural da parte de nossos pais.
Conseqüentemente é evidente, que o afeto da alma precisa ser santificado.
Se não for santificado, nós não podemos ser totalmente santos como o apóstolo fala em I Tes 5.23, onde diz que não apenas o espírito e o corpo devem ser santificados, como também a alma, ou seja, a alma deve fazer a vontade de Deus e não a sua própria vontade, ou seja do ego.
Aqueles, cujo afeto pelos seus filhos  não está  regulado  desta forma, podem estar certos, que ainda não estão santificados,  que estão pecando à vista de Deus, e que estão  muito longe  de serem pais aprovados por Ele.
O segundo afeto da alma que eu mencionarei, é a dor que  é proveniente do fato de vermos nossos semelhantes em angústia e  o desejo instintivo que nós sentimos de aliviá-los.
Este  afeto  é chamado de condolência, piedade, e compaixão. Eu deduzo, que isto pertence à alma, pelo fato que muitas espécies de  animais  irracionais parecem sentir isto freqüentemente em um grau muito alto.
Isto parece ser um instinto meramente da alma; e por conseguinte pode ser visto também nos animais irracionais.  porque não é guiado pela razão.
É evidente, que nossa misericórdia ou condolência natural, amável como aparece, precisa ser santificada, e que até  que  seja santificada, não tem nada em si mesma de bondade moral, ou verdadeira misericórdia.
Antes de poder fazer qualquer reivindicação a estes títulos, deve ser feita semelhante à compaixão de nosso Salvador.
Tem que deixar de ser caprichosa, parcial, e egoísta em  suas operações. Tem que fazer com que nos neguemos, que soframos  dor, inconveniência e provocação, por causa do nosso empenho em  aliviar as angústias de outros.
Além dos sentimentos e das emoções, aquilo que é chamado de temperamento ou  disposição natural, também pertence à alma.
Eu  digo  isto principalmente porque algumas das paixões que  afetam  o temperamento como orgulho, ambição, avareza, inveja, malícia, e vingança, evidentemente pertencem ao espírito, ou à parte imortal; porque  nós somos ensinados, que os maus espíritos que não têm  nenhuma  alma estão sujeitos a estas paixões, mas pondo de  lado estas paixões, há algo no temperamento natural ou disposição dos homens que pode ser e que é real e freqüentemente, chamado de constitucional.
Quanto a isto, as pessoas diferem muito umas das outras,  até mesmo no seu nascimento.
Alguns parecem  ser  constitucionalmente tímidos, moderados, suaves, quietos, afetuosos, e submissos;  enquanto outros são corajosos, inquietos,  irritáveis, e obstinados.
Em ouras palavras, há alguns que  têm naturalmente um temperamento amável e outros  um  temperamento não  amigável.
Agora, que esta diferença de temperamento depende da alma, e não do espírito, está fora de dúvida, porque é altamente provável o fato  que nós achamos uma diferença semelhante entre animais  irracionais,  até mesmo entre aqueles da mesma espécie.
Por exemplo, entre os  animais domésticos há alguns que são quietos, moderados,  suaves, e tratáveis; e outros da mesma espécie, são irritáveis e briguentos.
Toda pessoa provavelmente reconhecerá que quando o temperamento é  naturalmente não amistoso e ruim, precisa ser  santificado.
Quando as pessoas de um tal temperamento professarem  terem  se  tornado cristãs, uma melhora do temperamento delas sempre é esperada; por isso as pessoas de temperamento ruim deveriam comprovar pela evidência de melhora do seu temperamento, que se tornaram  realmente convertidas a Cristo que é manso e humilde de coração.
Os que são de temperamento corajoso, obstinado, determinado,  podem confundir a coragem constitucional e natural deles com a coragem verdadeiramente santa que produz zelo cristão.
Se  o  zelo destes não for incitado por um espírito amável, afetuoso, submisso, humilde, contente e tranqüilo, eles podem estar certos de que a coragem que possuem é natural e não  se encontra  santificada.
Caso estivessem santificados eles seriam como o seu Mestre  que unia as qualidades aparentemente incompatíveis do leão e do cordeiro, da serpente e da pomba.
Se por um lado todos consentirão que um temperamento naturalmente ruim necessita ser santificado, ninguém se iluda por outro lado, que um temperamento naturalmente amável não necessite  igualmente ser santificado.
As Escrituras ensinam que sem santificação ninguém verá  a  Deus.
Não há nada da natureza da santidade num temperamento naturalmente amável.
A santidade consiste em conformidade à  lei  de  Deus, mas há pessoas que possuem o temperamento do qual estamos  falando, que não têm nenhuma consideração pela lei de Deus. Eles  não são suaves, amáveis, agradáveis e afetuosos porque Deus lhes exige que sejam, ou porque eles desejam Lhe agradar; porque eles vivem freqüentemente sem Deus no mundo.
Eles não amam a oração  naturalmente, ou a Bíblia, ou o Salvador, ou qualquer coisa relativa à vida cristã; e quão difícil é atrair a atenção e afetos deles a  estes assuntos, porque costumam se achar muito bons  e  justos  a  seus próprios olhos.
Neste caso, os de temperamento ruim têm uma  vantagem sobre eles quanto ao que diz respeito ao  arrependimento  e conversão.
O jovem rico fazia parte deste grupo de temperamento amável e nós sabemos o final da sua história.
Muitos dos escribas e  fariseus, finamente educados, faziam também parte deste grupo e resistiram violentamente a se submeterem a Cristo.
Por isso  Jesus  não  fez nenhuma distinção entre temperamentos quanto à necessidade comum de arrependimento, regeneração e santificação.  Todos  necessitam igualmente de tudo isto.
É então evidente, que na visão de Jesus os que são de temperamento amável necessitam de santificação tanto quanto os  outros  homens.
Os seus afetos naturais devem ser santificados, e para isto devem ser batizados pelo Espírito Santo, antes que possam  possuir qualquer coisa da natureza do verdadeiro cristianismo, que é sobretudo deleitar-se no Senhor e na Sua obra e vontade.
O que está sendo santificado tem todo o prazer em sujeitar-se a Deus e à Sua Palavra, que é o meio pelo qual é santificado.
Quando há uma total falta da verdadeira santidade, nestes que são de temperamento amável, eles também estão sujeitos a  muitos defeitos particulares, defeitos que freqüentemente os  acompanharão mesmo depois de se tornarem cristãos, e que poderão vencer somente pela santificação.
Eles são constitucionalmente tímidos, irresolutos e facilmente tentados a confiarem no que sabem, sem  suspeitar ao menos que possam estar errados.
Há  situações para  as quais eles acham muito difícil dizer “não” com  firmeza,  especialmente em não se deixarem atrair pelos que vivem em pecados quando são seduzidos por eles.
Normalmente eles não mostram muito zelo e coragem para praticarem o bem, e para manter a causa do Seu  Mestre.
Eles dão testemunho da própria bondade e virtude que  julgam possuir em vez de darem testemunho das virtudes do Seu  Salvador, Mestre e Senhor.
Muitos são também indolentes e assim permanecem mesmo depois de se converterem a Cristo.
Eles não demonstram  uma forte defesa da verdade do evangelho por temor de ofender os homens. Eles costumam também ser generosos por causa do seu  temperamento natural dando coisas que não deveriam ser dadas porque em vez de serem usadas para bons propósitos serão usadas para o mal.
Falta-lhes também força moral suficiente para resistirem a determinados hábitos que deveriam a todo custo  evitar,  e  nisto  são mais facilmente influenciados por outros do que aqueles  que  têm força suficiente de mente para resistirem aos apelos de más  companhias.
Como costumam ser muito amados e estimados  pelos  outros,  ficam também mais sujeitos a negligenciarem a necessidade de se santificarem, para viverem não como que agradando a homens, mas a  Deus, fazendo a Sua vontade.
Normalmente, se deixam enganar  quanto à sua santificação pelos elogios que recebem de outros e  confiam no tipo de temperamento amável deles e em sua correta moralidade, enquanto negligenciam o Salvador e a Palavra de Deus.
E uma  correta moralidade considerada isoladamente não é nenhuma santificação.
Veja o homem religioso sem Cristo gabando-se de sua  justiça própria  tal como o fariseu da parábola que Jesus ensinou.
Há algo de comunhão verdadeira com Deus em sua vida?
Ele é movido pelo Espírito Santo?
A falta destas verdades essenciais indicam que  a sua moralidade não é a santidade evangélica, que o homem  alcança pela graça e mediante a fé e união com Cristo, andando diariamente no Espírito, por se submeter voluntariamente ao trabalho da cruz.
Este assunto pode nos ajudar a entender a declaração de Cristo, de que “àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado” (Mt 13.12); pois vimos que toda coisa que parece ser naturalmente boa e amável nos pecadores como o afeto  paternal  e filial, compaixão, um temperamento amável, pertence à  alma, porém isto morre com o corpo.
Nada sobreviverá à morte, a não ser o espírito porque é imortal.
Com a morte, isto que parecia se  ter,  será tirado, e com ela toda esta bondade natural será perdida  pelos pecadores, porque não tiveram a marca da santificação operada por Deus.
Deste modo, desses que não têm nenhuma graça, nenhuma  santidade, tudo o que eles parecem ter agora, será levado embora, por ocasião da morte.
Somente  a santidade que procede de Deus pode fazer com que esta bondade natural aparente se torne permanente.
A Bíblia afirma que o homem espiritual é aquele que discerne  bem todas as coisas e que de ninguém é discernido.
Então estas coisas que são bem discernidas são as coisas espirituais tanto relativas ao reino de Deus quanto às que operam  no  reino  das  trevas.
E aquilo que tal pessoa espiritual pode discernir em relação a tais realidades espirituais não podem ser compreendidas  pelos  outros porque elas se dão ao nível da experiência  pessoal  de  cada  um conforme lhe é permitido experimentar e discernir por Deus.
Podemos e devemos fazer muitas coisas relativas ao mundo natural, mas no que tange a tocar a obra de Deus, isto deve ser feito sempre pelo modo sobrenatural, ou seja, pelo espírito, e para tanto, é preciso ser espiritual pela separação de alma e espírito, porque somente o que é gerado do espírito é espírito, e quanto às coisas espirituais, celestiais, divinas e eternas, a carne para nada aproveita.
Nunca é também demais lembramos sempre que é o próprio Espírito que opera toda a obra de Deus através de nós. Não passamos de meros instrumentos do Espírito, mas para sermos tais instrumentos é necessário que sejamos espirituais e não carnais.
É importante lembrarmos nesta altura do nosso estudo, sobre Divisão de alma e espírito, com base em Hb 4.12, que a morte do ego não é para a morte, mas para a vida ressurrecta de Cristo, no poder do Espírito Santo, que é encontrada somente do outro lado da cruz, depois que passamos por ela.
Assim, sem cruz, não há a verdadeira vida abundante que Jesus veio nos dar.
Jesus disse que veio para dar vida e vida abundante. Esta vida é espiritual e eterna.
Deste modo, teremos mais desta vida, quanto mais mortificarmos o nosso velho homem.
Muito mais a vida da nova criatura em Cristo Jesus florescerá, no terreno em que a vida do velho homem for mais mortificada.
E é nesta condição de ter a alma e espírito separados pela  Palavra de Deus, que o espírito é livrado dos embaraços  e  pesos  da alma que assediam juntamente com o pecado tão de perto a vida dos cristãos.
É somente o cristão espiritual que pode ser livrado  dos pesos deste mundo que tentam impedir  a sua  corrida  espiritual porque os atrativos do mundo já não exercem fascínio sobre a  sua alma santificada, porque o seu espírito tem achado deleite na Palavra de Deus, na Sua obra e vontade.
E então a alma é  levada  a compartilhar deste deleite, em vez de se sentir facilmente tentada e atraída pelos prazeres que são oferecidos pelo mundo.
Tendo as faculdades amadurecidas para discernir tanto o bem quanto o mal, o homem espiritual pode discernir e vencer toda e qualquer movimentação do velho homem para produzir as obras da carne, bem como resistir às tentações da carne, do diabo e do mundo, por uma vigilância e oração constante e perseverante, em plena sujeição, dependência e obediência à vontade de Deus (Hb  5.14),  por colocar a sua mente voluntariamente a serviço da nova natureza, e não do velho homem.

Pr Silvio Dutra

Quem é o morto que sepulta outro morto?

“Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.” (Lucas 9.60)
Quem é o morto que sepulta outro morto?
Por que Jesus disse isto?
Vejamos o Por quê:

A Morte da Nossa Morte Espiritual na Morte
De Jesus Cristo

Observe o uso da palavra natureza, nos dois textos bíblicos a seguir:

Primeiro se referindo a toda a humanidade, lemos em  Efésios 2:3:

“entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

E no segundo texto de 2 Pe 1.4 lemos:

“pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,”

Em ambos os textos citados a palavra natureza, vem do original grego, fúsis (pronúncia físis), que significa condição de origem, de nascimento.
No texto de Efésios 2.3, temos a indicação da natureza terrena, herdada de Adão.
E no de 2 Pe 1.4, a natureza divina, que é obtida pelo novo nascimento ou como também é designado, a regeneração do Espírito Santo.
Assim, por nascimento natural, o homem não possui a natureza de Deus.
Ele está desprovido de tal natureza, e por isso está impossibilitado de ter comunhão com Deus enquanto permanece em tal condição simplesmente natural, ou como é também designada na Bíblia, por carnal.
Por isso nosso Senhor disse a Nicodemos que o que é nascido da carne é carne, ou seja, o homem natural não pode gerar, de modo nenhum o homem espiritual, que é o que possui a natureza de Deus.
Daí a necessidade do homem nascer de novo do Espírito Santo, para que possa ter gerada nele a natureza divina, pela qual poderá então agradar a Deus e ter comunhão com Ele.
Enquanto na carne, por mais esforçada, correta, simpática, amiga, dedicada, carinhosa, religiosa, paciente, alegre, que uma pessoa seja, ela não pode dar prazer e contentamento a Deus, porque para tanto, é necessário haver comunhão no Espírito, e quem está na carne, ou seja, tendo apenas a natureza terrena, não pode de modo algum se sujeitar a Deus ou agradá-lO.
Isto é fácil de ser comprovado até mesmo na experiência de cristãos autênticos, espirituais, que não podem ter comunhão e nem prazer e satisfação,  com a testificação do Espírito Santo, com pessoas que vivam na carne, e até mesmo com outros cristãos carnais.
Isto comprova que o princípio espiritual é o mesmo relativo ao natural, no que diz respeito à natureza, e por isto se vê companheirismo e aceitação somente entre naturezas iguais, e daí se afirmar que águia não voa com urubu.
Ou será visto, em regra geral, bom entendimento entre zebras e leões ou cães e gatos?
E por que isto?
Por uma simples questão de natureza.
Sendo que em relação ao homem, que apesar de no princípio da criação, não possuir qualquer pecado, não tinha no entanto a mente de Deus… ele não havia comido do fruto da árvore da vida, que simbolizava a vida de Cristo em nós.
Tinha, antes da queda, uma natureza terrena, natural, não possuía a habitação do Espírito Santo, e por conseguinte, não possuía a natureza divina.
O próprio Adão, sem pecado, necessitaria da habitação do Espírito Santo, para galgar da posição de criatura de Deus, para a de filho de Deus. Necessitava, ainda que sem pecado, da adoção de filho de Deus.
Se Adão não houvesse pecado, se sua natureza não tivesse sido corrompida, nosso Senhor Jesus Cristo não necessitaria se oferecer como sacrifício para lhe conceder a natureza divina.
Mas Adão pecou, e o pecado entrou no mundo. Toda a sua descendência ficou sujeita ao pecado.
O homem passou a ter então uma natureza terrena decaída,  culpada, condenada à destruição eterna, que é a morte espiritual eterna.
Não temos assim, não apenas uma situação a ser revertida, a saber, que o homem volte para a condição inicial sem pecado de Adão no jardim do Éden, do estado de pecado para o de natureza terrena sem pecado, porque o alvo de Deus na criação do homem, sempre foi, desde antes dos tempos eternos, que ele fosse um com Jesus Cristo em espírito.
Que o homem vivesse pela vida de Cristo nEle, tendo ao Senhor Jesus como sua cabeça eterna.
Por isso a árvore da vida estava no centro do Jardim do Éden, indicando tal propósito.
Porque é em Cristo que o homem deve se abrigar e se alimentar. Ele é a única árvore que foi designada para tal propósito, de modo que sem Cristo o homem não pode viver eternamente na presença de Deus.
Mas para lançar mão da árvore da vida, que é Cristo, o homem precisa antes ter resolvido o problema da corrupção da sua natureza, da sua dívida eterna para com Deus, por se encontrar em estado de rebelião contra Ele, de odiar a Sua santa e perfeita vontade, em razão do pecado.
O homem necessita antes ser perdoado e justificado do pecado. A justiça perfeita de Deus exige isto.
Tal é a condição de oposição, de inimizade da natureza decaída do homem, contra Deus, em razão do pecado que passou a habitar nela, que o homem odeia a ideia de tudo o que se refere à palavra santidade, porque foi principalmente para este propósito que foi criado por Deus, a saber o de ser completamente santo, assim como o próprio Deus é santo.

Qual é a expectativa de Deus em relação àqueles que têm sido designados para a salvação em Cristo Jesus?
Simplesmente a de que sejam convencidos do pecado pelo Espírito Santo, isto é,  que saibam que eles possuem uma natureza pecaminosa decaída no pecado, que necessita ser crucificada, para o recebimento instantâneo da nova natureza divina, e também despojada, para o crescimento em graus da divina. E que eles tenham humildade de espírito para reconhecerem e confessarem isto. Que tenham um coração quebrantado e contrito que chore e clame diante de Deus aspirando e Lhe pedindo que os livre de tal natureza decaída, e que lhes dê uma nova natureza divina, pela habitação e senhorio de Cristo nos seus corações.
Vemos assim, que o problema básico do homem sem salvação, não é simplesmente o fato de cometer atos falhos e de transgredir as leis de Deus, porque a causa básica de suas negligências e maus pensamentos e ações, coisas, que a propósito deve detestar e abandonar, é a natureza carnal que todo homem possui por condição de nascimento natural, herdada de Adão, que faz com que sejamos concebidos em  pecado, ou sujeitos à escravidão do pecado.
Seu espírito está morto, isto é, separado de Deus, e separação é morte, tal como sucede com o nosso espírito e o nosso corpo, que quando separados, o corpo morre.
Por analogia, Deus é espírito, e o homem é carne.
Se Deus se afasta, então a carne morre, ou seja, metaforicamente falando, o homem.
Deus disse que no dia em que o homem comesse o fruto proibido ele morreria. Veja bem, no dia em que o fizesse.
E Adão realmente morreu em espírito quando desobedeceu a Deus.
E seu estado de morto espiritual foi passado para toda a sua descendência, a saber, toda a humanidade, porque todos descendemos do primeiro homem criado por Deus.
É errôneo pensar por isso que criancinhas que morram, herdam o reino dos céus por causa da sua inocência. Não é por isto. É sempre por causa da cobertura do sangue de Cristo, oferecido para nos justificar do pecado e para nos dar acesso à natureza divina. Deus fez a promessa de que o reino dos céus é das criancinhas. E é por isso que elas vão para o céu, se vêm a morrer sem terem consciência do pecado. Eram eleitas de Deus, e o Senhor permitiu que elas fossem bem cedo para o seu seio, do mesmo modo como irão todos aqueles que forem redimidos pelo sangue de Cristo, sejam jovens ou velhos.
Quando nosso Senhor disse que o Espírito Santo nos seria enviado por Ele com o propósito de convencer do pecado, da justiça e do juízo, o que Ele queria destacar era muito mais o fato de que o homem só pode chegar ao reconhecimento desta condição carnal, de ter uma natureza caída, pelo trabalho do Espírito Santo em sua mente e coração; do que simplesmente nos levar a reconhecer atos pecaminosos que cometamos.
E isto deve ser feito por graça, porque o homem não teria como pagar a Deus o preço correspondente à própria eternidade e ao sacrifício e o sangue oferecidos por Jesus para a sua libertação.
E para que seja por graça, deve ser também feito por fé, o dom dado por Deus ao homem, para crer, aceitar, confiar, agradecer a graça que lhe está sendo oferecida em Cristo para a sua redenção, ressurreição, santificação e glorificação.
Como já dissemos, a transação aqui não é apenas a de livrar o homem de atos falhos, de transgressões da Lei e da vontade de Deus, mas sobretudo da natureza decaída e corrompida que ele possui.
Foi por isso que Jesus morreu na cruz. Para que considerados por Deus, pela fé Nele, crucificados juntamente com Ele, pudéssemos receber a sentença de crucificação e mortificação de tal natureza carnal.
Assim, no cristão, a carne está morta para Deus, e agora ele vive em novidade de vida, ou seja, pela nova natureza recebida na conversão.
Ele agora conhece a Deus em espírito. É filho de Deus pelo poder que lhe foi concedido por Jesus Cristo. Ele ama a lei de Deus ainda que haja resquícios da velha natureza operando em sua carne.
Deus o ama e aceita plenamente porque é filho e não bastardo. E começa a trabalhar nele o crescimento em graça que o conduzirá à glória celestial.
Tendo em si a natureza divina, o cristão pode responder aos movimentos e vontade do Espírito Santo que nele habita, sendo conduzido à oração, à meditação na Palavra e à prática das boas obras de fé, produzidas através dele pelo mesmo Espírito.
Deus está satisfeito com o cristão por causa de Cristo e da obra que foi consumada por Ele.
E o cristão está também contente com o seu Deus, ainda que em meio às tribulações, se regozijando nelas, porque elas o têm levado para mais junto do Senhor e ao Seu conhecimento.
Assim a vida de Adão em nós vai ficando cada vez mais fraca e desaparecendo, e a de Cristo vai aumento em graus, de glória em glória e de fé em fé.
Louvado seja Deus pelo seu dom inefável em Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém

Votemos ao nosso texto de  Efs 2:3:

“entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

Veja que é dito que todos nós, a saber os cristãos, andamos também na mesma condição e obras dos filhos da ira divina, ou seja, éramos por causa da nossa natureza decaída no pecado, tanto filhos da ira como os demais homens.
Foi Cristo quem nos resgatou de tal condição.
Assim, podemos entender que ninguém verá o reino de Deus e será considerado digno de herdar tal reino, porque era uma pessoa boa, distinta, diferente dos demais pecadores.
Não. Nada disso. Porque mesmo depois de redimidos não deixamos de ser pecadores enquanto estivermos neste mundo.
Então o que foi que fez a diferença? Porque os pecados eventuais dos cristãos não os sujeitam mais à condenação eterna, à ira e à maldição de Deus?
Quem dentre eles não clamará junto com Paulo: Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Bem educado e disciplinado pela graça, todo cristão dirá também juntamente com o apóstolo: Mas graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, que  nos livrou desta lei do pecado que opera na nossa natureza.
Que nos considerou justificados do pecado, não para pecarmos, para continuarmos na prática do pecado, mas do fato de termos ainda uma natureza que é um corpo de pecado já  sentenciado, crucificado, morto, por causa de nosso Senhor Jesus Cristo que morreu a nossa morte, e que foi condenado no nosso lugar, para que fôssemos libertados da escravidão a que estávamos sujeitos por causa da nossa velha natureza.
Este é o cerne do evangelho exposto em poucas palavras.
O evangelho não nos foi dado para nossa apreciação e consideração filosóficas, mas para que creiamos nele, e crendo sejamos salvos e tenhamos vida eterna.
Ao ter ouvido a verdade, não será de qualquer proveito que você se sinta apenas despertado para a realidade da nossa condição neste mundo, tal como o fora no passado o jovem rico que veio ter com Cristo, agitado em sua consciência, mas não disposto a renunciar a tudo para ter a vida eterna e o reino dos céus.
Dê mais um passo adiante do coração despertado, e peça a Deus um coração quebrantado, humilde e contrito, que sinta a dor pelo fato de estar debaixo do pecado, da maldição da Lei e da ira de Deus.
Clame, não dê sossego a si mesmo e nem a Deus, enquanto não sentir que houve o recebimento de uma nova natureza do céu, da natureza divina prometida para os que cressem em Cristo.
Que o Espírito Santo lhe conceda esta bênção, por não ter olhado para si mesmo buscando algo de bom que  pudesse agradar a Deus e torná-lo digno do céu, mas por simplesmente olhar para Cristo, considerando o desespero total do seu caso, que é o de ter uma natureza que nem você nem qualquer outro poder deste mundo ou fora dele, é capaz de mudar, senão somente Aquele que nos foi dado por Deus para operar tal mudança em nós, a saber nosso Senhor Jesus Cristo, de modo que toda a honra, glória e louvor sejam dados somente a Ele e para sempre e sempre. Amém.

Pr Silvio Dutra

A Justiça do Evangelho não é Juízo

Quando Deus criou o homem
ele pretendia demonstrar
o quanto é misericordioso
e também bondoso e amoroso.

Ele sabia em Sua presciência
que o homem pecaria,
e também toda a sua descendência.

Deus revelaria também
que uma vez que a sua graça é retirada
em razão da desobediência
a criatura perde a imagem do Criador,
não pode permanecer de pé
em santidade, porque sem a graça divina
a natureza humana fica corrompida,
ou seja, estragada para cumprir o propósito
para o qual fora criada.

Mas Deus demonstraria também
o seu grande poder para restaurar,
por perdoar e amar,
a humanidade que criou,
para pertencer a Cristo.

Contudo, como poderia fazer isto?

Inocentando culpados?
Um Deus justo pode fazê-lo?

O homem não é justo
porque não manteve
a imagem do Criador.

Não é justo porque não vive
segundo o caráter do Seu Senhor.

O propósito de Deus, no entanto,
jamais pode ser frustrado.
Então o que faria para tornar justo
o pecador culpado?

Que se opondo ao seu Criador
e não querendo se sujeitar à sua vontade,
segue o seu caminho de vaidade?

Que resistindo a se entregar a Jesus
resiste também ao recebimento da Sua graça?

E sem a graça, sabemos, somente há ruína,
perdição, ódio, desobediência e morte.

Ah! Que situação difícil para ser resolvida!

Difícil para nós, mas não para Deus,
a quem tudo é fácil e possível.

Difícil e penoso seria sim,
o único modo pelo qual
o pecador poderia ser justificado.

Deus visitaria o seu pecado,
com juízos, no Seu Filho Amado.

Colocaria sobre Ele nossas transgressões,
resistências e descaminhos,
e com o grande golpe do seu juízo
castigaria o próprio Cristo,
fazendo com que a justiça exigida
fosse por fim atendida.

Jesus tem desde então justiça,
e não juízo para oferecer,
pelo Evangelho.

Quem quiser ser justo,
para receber a graça
salvadora e transformadora,
basta vir a Cristo,
com a mão do coração estendida,
e Ele a concederá com agrado
para apagar nosso pecado.

Por isso Ele diz que não veio
a este mundo para condená-lo,
mas sim, para salvá-lo.

Oh! Senhor amado!
Muito obrigado por sua justiça!
Felizes são os que têm fome e sede
desta sua maravilhosa justiça,
pela qual, nós perdidos pecadores,
somos saciados,
justificados e abençoados!

Pr Silvio Dutra